VALDUJO-TRANCOSO
sábado, 18 de fevereiro de 2012
VAI PASSANDO A PROCISSÃO...
Estas três imagens têm uns anos já passados. Foram captadas à porta de meu sogro, no Altinho.
A primeira, já publicada na monografia de Valdujo, um grupo de valdujenses, com opas vermelhas, transportam o andor de Santo António; a segunda, outro grupo de valdujenses, com opas brancas, levam a imagem de Nossa Senhora do Rosário; ´na terceira, vê-se a Padroeira Nossa Senhora da Consolação, transportada pelas jovens da terra.
Se alguém quiser identificar as pessoas que se distinguem nas imagens, poderá fazê-lo, deixando a sua mensagem na caixa dos comentários. Com isso, farão empenho na forma participativa, preconizada e incentivada pelo Evaristo num comentário deixado neste blog.
Como a imagem de cima, à esquerda, foi publicada no livro, já se encontram identificados: Amílcar Ferreira; José Manuel Coelho Castanheira; José Francisco; Delfim Coelho.
A propósito, coloco, de António Lopes Ribeiro:
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a Procissão.
Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó,popó.
Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo, vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.
Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!
Ai, que bonitos vãos os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos,
E o mais pequeno perdeu uma asa.
Pelas janelas, as mães e as filhas
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!
Com o calor, o prior vai aflito
E o povo ajoelha ao passar o andor
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a Procissão.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
PORMENORES LOCAIS
Pormenor de uma rua da Quinta da Igreja: casa com balcão; mistura de pedra, madeira e reboco pintado. A rua tem calçada antiga.
Perto da casa vista em cima, encontrava-se muito desconfiado, como é natural neste tipo de felinos, um bonito gato. Em Valdujo, o gato doméstico nunca deixou de ser um complemento obreiro do lar, graças à caça dos roedores e à companhia que fazia (e faz ainda) às crianças e adultos.
domingo, 29 de janeiro de 2012
CONTO POPULAR
Este conto popular, que eu ilustrei em Banda Desenhada, foi-me contado pelo meu falecido Sogro.
Chama-se o Roubo da Corda e - posso dizê-lo - nunca o vi escrito em lado algum, pelo que presumo que meu Sogro o ouviu em Valdujo aos seus pais.
Acho o conto interessante, porque envolve uma atmosfera antiga, que hoje mal se nos depara. Eram outros tempos.
(Lembro que poderão ver os desenhos em ponto maior, clicando duas vezes sobre cada um deles).
Chama-se o Roubo da Corda e - posso dizê-lo - nunca o vi escrito em lado algum, pelo que presumo que meu Sogro o ouviu em Valdujo aos seus pais.
Acho o conto interessante, porque envolve uma atmosfera antiga, que hoje mal se nos depara. Eram outros tempos.
(Lembro que poderão ver os desenhos em ponto maior, clicando duas vezes sobre cada um deles).
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
VALDUJO E O SENHOR DA PEDRA
Que relações directas terá a freguesia de Valdujo com o Sr. da Pedra?
Tem a mais importante: foi graças a um pároco de Valdujo (ao tempo, pároco de Moreira de Rei), que foi erguida, nas Casas, a capela do Sr. da Pedra e mantida a devoção naquele lugar, na proximidade das anexas de Moreira de Rei, como Valcovo e Zabro.
Há uma lenda relacionada com este culto - que muitos dos Valdujenses saberão - e dessa lenda houve a necessidade de se erguer uma pequena ermida que abrigasse a imagem do Senhor. Entretanto, os habitantes da freguesia de Moreira de Rei, em fins do séc. XIX tinham levado a imagem do Senhor da Pedra para a venerarem na sede da freguesia, contra a vontade dos das Casas e Zabro. Contudo, o pároco de Moreira de Rei, não o permitiu e recolocou-a no sítio em que o povo pretendia a romaria e onde se dera o milagre.
O pároco era o Reverendo António da Cunha e Sousa, que viria a ser pároco de Valdujo (conforme é referido no livro "Valdujo-Três Povoados, Um Povo") e que era tio de D. Augusta da Cunha e Sousa, mais conhecida por D. Augustinha, de boa memória.
A capela do Senhor da Pedra foi inaugurada a 3 de Maio de 1906 pelo padre António da Cunha e Sousa, precisamente no dia da Santa Cruz (daí ser este dia, durante muito tempo, consagrado estritamente à romaria), com missa e sermão pregado pelo cónego Francisco Patrício, arcipreste de Trancoso.
Para os que não estão tão informados, a lenda que esteve na origem do culto, ocorreu há muito, quando o pároco de Moreira (de que se não sabe o nome) teve a incumbência de administrar a extrema-unção a um moribundo (das Moitas). Saiu numa noite chuvosa de inverno para dar o sagrado viático, mas aconteceu que no meio do trajecto escorregou numa laja. Com a queda deixou tombar o cálice onde seguiam as sagradas hóstias, tendo-se estas espalhado pelo solo.
De imediato o padre colocou-se de joelhos e recolheu com a língua todas as partículas. Pareceu-lhe que as tinha todas recolhidas, mas não. Da rocha passou a brotar uma luz resplandecente, sinal de que, uma ou outra, não tinha sido recolhida.
Actualmente, a romaria do Sr. da Pedra, a que concorrem muitos habitantes de Valdujo, tem lugar no domingo mais próximo do dia 3 de Maio.
Tem a mais importante: foi graças a um pároco de Valdujo (ao tempo, pároco de Moreira de Rei), que foi erguida, nas Casas, a capela do Sr. da Pedra e mantida a devoção naquele lugar, na proximidade das anexas de Moreira de Rei, como Valcovo e Zabro.
Há uma lenda relacionada com este culto - que muitos dos Valdujenses saberão - e dessa lenda houve a necessidade de se erguer uma pequena ermida que abrigasse a imagem do Senhor. Entretanto, os habitantes da freguesia de Moreira de Rei, em fins do séc. XIX tinham levado a imagem do Senhor da Pedra para a venerarem na sede da freguesia, contra a vontade dos das Casas e Zabro. Contudo, o pároco de Moreira de Rei, não o permitiu e recolocou-a no sítio em que o povo pretendia a romaria e onde se dera o milagre.
O pároco era o Reverendo António da Cunha e Sousa, que viria a ser pároco de Valdujo (conforme é referido no livro "Valdujo-Três Povoados, Um Povo") e que era tio de D. Augusta da Cunha e Sousa, mais conhecida por D. Augustinha, de boa memória.
A capela do Senhor da Pedra foi inaugurada a 3 de Maio de 1906 pelo padre António da Cunha e Sousa, precisamente no dia da Santa Cruz (daí ser este dia, durante muito tempo, consagrado estritamente à romaria), com missa e sermão pregado pelo cónego Francisco Patrício, arcipreste de Trancoso.
Para os que não estão tão informados, a lenda que esteve na origem do culto, ocorreu há muito, quando o pároco de Moreira (de que se não sabe o nome) teve a incumbência de administrar a extrema-unção a um moribundo (das Moitas). Saiu numa noite chuvosa de inverno para dar o sagrado viático, mas aconteceu que no meio do trajecto escorregou numa laja. Com a queda deixou tombar o cálice onde seguiam as sagradas hóstias, tendo-se estas espalhado pelo solo.
De imediato o padre colocou-se de joelhos e recolheu com a língua todas as partículas. Pareceu-lhe que as tinha todas recolhidas, mas não. Da rocha passou a brotar uma luz resplandecente, sinal de que, uma ou outra, não tinha sido recolhida.
Actualmente, a romaria do Sr. da Pedra, a que concorrem muitos habitantes de Valdujo, tem lugar no domingo mais próximo do dia 3 de Maio.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
2012 - Valdujo Sempre Presente
Mais um ano se aproxima e Valdujo vai recebê-lo como sempre foram
recebidos, pelos habitantes, os anos novos, ora extintos e já passados: com
bonomia; com esperança; com a fé e a crença em dias melhores.
Ao contrário dos costumes bizarros das cidades e vilas, não se batem
tachos e panelas, não se lançam pela janelas fora tarecos velhos, nem se
colocam notas de banco nos sapatos para trazer dinheiro aos cofres de cada um.
Quando muito, adaptando-se os mais novos e alguns menos novos aos novos tempos,
com ensejo de abrir a sua garrafa de champanhe e deglutir apressadamente as
doze passas de uvas.Por isso, nesta pacatez dos simples, a transição faz-se de um dia de descanso para outros de trabalho, que muito há para fazer para quem queira trabalhar. Está no convívio a mais valia da passagem e no desejo de mais saúde, que é o bem mais precioso e aquele que merece maior pedido.
Para justificar a imagem do candeeiro de uma casa na Quinta da Igreja, este tem a ver com a passagem do testemunho da iluminação: o velho candeeiro a petróleo encontra-se ligado a uma corrente eléctrica, visível na foto.
Sem mais justificações, as outras duas imagens falam por si: sem politiquices, as ruas do Centro, da Esquerda e da Direita respeitam os topónimos da sua situação em relação a um inusitado observador que, colocado de frente perante as três, as consiga distinguir segundo os ditos pontos de referência. Elas não enganam ninguém, porque distinguem perfeitamente a sua localização na Quinta da Igreja. Já o mesmo se não pode dizer dos mesmos centros, esquerdas e direitas da Assembleia da República onde, sinceramente, quem se coloque de frente para o areópago já não consegue distinguir qual é um e quais são os outros.
Aos VALDUJENSES, desejo UM FELIZ ANO NOVO, com um grande abraço para
todos, Voto que é reforçado para os amigos seguidores deste blogue: Gonçalo Paulos do Nascimento- Rui Santana – José Levy Domingos – Luiz Guimarães
– Sónia Cristina Aguiar – Ausenda Frias – Filipe Pires .
PRÓSPERO 2012
sábado, 17 de dezembro de 2011
AS ROCHAS DA NOSSA ALDEIA
As rochas da nossa aldeia são monumentos: uns dirão que são toscos,
amontoados; outros que são descomunais, iguais a tantos outros. Eu afirmo que
são monumentos esculpidos pela Natureza, cada um diferente do outro,
inigualáveis em qualquer parte do mundo.
As rochas da nossa aldeia são testemunhos: das gerações passadas, nossos
familiares, que as presenciaram e nomearam; um marco do início da Terra, pois
estão em Valdujo há milhares de anos, desde que foram esculpidas pelos
fenómenos da formação terrestre. Eu afirmo que elas servem de marco geodésico,
identificam locais, influenciam topónimos.
As rochas da nossa aldeia permanecem: ninguém as pode levar, ninguém as
poderá roubar.
Por isso, para registo, irei deixando por aqui a imagem desses cíclopes
monumentais, inertes mas fortes, superiores à vontade das políticas e dos
políticos, no rol da herança que nos transmitiram os avoengos e que havemos de
transmitir aos nossos descendentes, se uma ou outra não vier a transformar-se,
por qualquer razão humana, numa pedreira esventrada ou na abertura rasgada de
mais uma estrada de tantas faixas à cata de portagens.
De cima para baixo: Vale; Ladeiras, Laje do Concelho; Frade.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
OS SINOS DE VALDUJO
Os dois sinos antes do recente restauro
Os dois sinos após o restauro
A propósito dos sinos da igreja de Valdujo, cabe-me transcrever o que sobre eles escrevi e publiquei no livro “VALDUJO-Três Povoados, Um Povo”:
Estava a rematar a pesquisa de campo para esta obra, quando foram recolocados os dois sinos na torre, após um trabalho de restauro e “embelezamento”. E, ao vê-los de novo no seu sítio, lembrou-me aquele poema de Fernando Pessoa:
A propósito dos sinos da igreja de Valdujo, cabe-me transcrever o que sobre eles escrevi e publiquei no livro “VALDUJO-Três Povoados, Um Povo”:
Estava a rematar a pesquisa de campo para esta obra, quando foram recolocados os dois sinos na torre, após um trabalho de restauro e “embelezamento”. E, ao vê-los de novo no seu sítio, lembrou-me aquele poema de Fernando Pessoa:
Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
Um deles, o mais pequeno, tem gravada a data de 1958 e, o maior, a de 1890. Ambos foram fabricados na fundição de Trancoso, fundada em 1851 (com a encomenda do sino da igreja de S. Pedro) por António Rodrigues, e continuada por Manuel Rodrigues Fernandes, sobrinho do fundador, pois foi este último a fundir o sino da matriz de Valdujo. O sino mais pequeno, de 1958, foi forjado por João Rodrigues Fernandes, filho do Manuel Rodrigues, pois a fundição extinguiu-se em 1964.
Um deles, o mais pequeno, tem gravada a data de 1958 e, o maior, a de 1890. Ambos foram fabricados na fundição de Trancoso, fundada em 1851 (com a encomenda do sino da igreja de S. Pedro) por António Rodrigues, e continuada por Manuel Rodrigues Fernandes, sobrinho do fundador, pois foi este último a fundir o sino da matriz de Valdujo. O sino mais pequeno, de 1958, foi forjado por João Rodrigues Fernandes, filho do Manuel Rodrigues, pois a fundição extinguiu-se em 1964.
O sino de 1890 ostenta os nomes de Jesus - Maria – José, a Sagrada Família.
Querendo obter mais dados sobre o sino mais pequeno, consultei o filho do último fundidor, Sr. Germano Santiago Fernandes, que gentilmente me facultou o livro de registo. O sino foi encomendado em 31 de Maio de 1958, pelo então pároco José Mesquita de Almeida. O sino pesa 94,5 kg, constando no registo que se abateu o velho sino (provavelmente do mesmo ano do maior - 1890) que pesava 104 kg. Também consta que na mesma altura se consertou o badalo.
A propósito dos sinos e dos seus toques, era costume traduzir-se a simbologia dos sons através das onomatopeias fonéticas, consoante fossem sinos grandes, pequenos ou sinetas. Neste caso, os de Valdujo tinham a sonoridade mais forte, como não podia deixar de ser, ridicularizando os de outros lugares, como Esporões e A dos Ferreiros. Isto significa que os valdujenses tinham orgulho nos sinos da sua igreja.
Com voz efeminada, iniciava o de Esporões: “ Tem lêndeas! Tem lêndeas! Tem lêndeas!”.
Respondia-lhe o sino mais fino de Valdujo, com voz de cana rachada: “Tira-lhas! Tira-lhas! Tira-lhas!”.
Soltava o de A dos Ferreiros, voz abafada e rouca: “C’um quê? C’um quê? C’um quê?”.
Rematava o mais grosso de Valdujo no seu vozeirão: “C’um badalão grande! C’um badalão grande! C’um badalão grande!”
Para finalizar, não esqueço o da capela da Senhora do Desterro, solitário na sua única ventana, que me dizem precisar de restauro.
Para finalizar, não esqueço o da capela da Senhora do Desterro, solitário na sua única ventana, que me dizem precisar de restauro.
Subscrever:
Mensagens (Atom)